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Mostrando postagens de 2014

CENTÃO

Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Não quero mudar você Nem mostrar novos caminhos. Quando criança Me assoprou no ouvido um motorista Que os bons não se curvam Desconhecem as variantes E o estilo numeroso Dos pássaros que sabemos, Estejam presos ou soltos; Têm ritmo - para que possas profundamente respirar. Não aprofundes o teu tédio, Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios. Sentas-te à beira da noite Para fazer este poema, Este poema não é teu, É da tinta e do papel. Deixa-me apreciar minha loucura, Importuna Razão, não me persigas. Um mundo novo espera só um aceno... À borda dos abismos silenciosos... Crê no bem, ama a vida, sonha e espera. Centão é uma composição feita com trechos de obras de outros autores. Os créditos do centão acima são de Antero de Quental, Antonio Cicero, Bocage, Fern

OS CÔMICOS E OS AVOADOS

"É também essa diferença o que distingue a tragédia da comédia: uma se propõe imitar os homens, representando-os piores; a outra os torna melhores do que são na realidade". Aristóteles, Arte Poética, cap. II, par. 7. Eu queria falar da comédia, mas não posso. Não tenho cacife. Comédia é coisa séria. Quando eu for grande, dissertarei sobre ela. Contudo, posso afirmar que a maioria das comédias que vejo são banais, nem mereceriam ser consideradas tais. Pior, são uma ofensa às categorias retratadas - e digo isso sem nenhum preconceito politicamente correto. Aliás, o que não falta é humorista acusando a crítica de moralismo para justificar piada de mau gosto e agressividade gratuita fora de hora. Nisso, as redes sociais estão dando um banho e colaborando para o rebaixamento geral da massa. Vem um, faz uma gracinha inapropriada, recebe um monte de curtidas e mais cresce a popularidade da cretinice, mais se espantam se vem alguém depois cobrar as consequências. Tipo assim: piad

CELEBRAÇÃO E GLÓRIA

As palavras "celebração" e "glória" são parentes longínquas: os seus ancestrais encontram-se no indoeuropeu, passando pelo grego e pelo latim. Para "celebração" encontramos o radical grego "kele-", que tem a ver com ocorrência, frequência, daí aparecer em palavras como "acelerar" ou "célere".  Já "glória" afunda suas raízes até o radical indoeuropeu "klu-", ligado ao sentido de ouvir, ser ouvido e chegando ao sentido figurado de "ser famoso", assimilado a "ser ouvido". Aquilo que ocorre, que aparece com frequência, que se ouve, que se torna famoso: celebração e glória. Chega o final do ano e fazemos balanços, repassamos os momentos mais importantes, celebramos. Damos peso àquilo que já acontecia. É com esse espírito que compartilho com vocês um texto de minha autoria, que não por acaso intitulei "Todos os dias". Boas festas a todos e até o próximo artigo. Todos os dias

LÁ VAI BARÃO!

Quem tem uma certa idade lembra da expressão usada nos anos Oitenta para referir-se ao dinheiro no Brasil. Era época de inflação altíssima, ou hiperinflação, e as notas de mil cruzados, com a imagem do Barão de Rio Branco escorriam dos bolsos como areia entre os dedos. O "barão", gramaticalmente falando, é uma metonímia. O Barão, sendo também nome de pessoa, é mais um dos tantos epônimos que usamos no cotidiano em português, quer dizer, uma palavra originária de um nome próprio que se presta para nomear outra coisa. No Brasil usamos muitos epônimos, e não apenas na área científica, na qual uma norma internacional recomenda a sua abolição, mas persistem. Na medicina, por exemplo, há inúmeras doenças cujos nomes são associados a nomes de pessoas - geralmente pacientes ou médicos envolvidos com o diagnóstico. É o caso do mal de Parkinson, do mal de Chagas, da síndrome de Asperger, mas também outros nomes próprios podem estar na base de um epônimo, como a síndrome de Estocolm

UMA GOROROBA LINGUÍSTICA

Quem é que não tem uma gororoba inconfessável da qual não abre mão? Gororoba é uma das melhores coisas da vida, é segredo que só se compartilha com os mais íntimos ou que permanece como uma lembrança boa da infância. Por mais deliciosa que seja, a gente não serve gororoba em dia de festa e evita fazer misturas constrangedoras em situações públicas. Com a língua não é diferente: há certas gororobas linguísticas deliciosas, mas não dá para usar o tempo todo e em qualquer lugar. Não é puxão de orelha nem moralismo, é aviso de amiga. Quando vejo uma gororoba linguística saindo da boca na hora errada, eu sempre penso: mas uma pessoa tão bem apresentada, quem diria... foi abrir a boca para estragar tudo. É chato falar disso, pois gororoba, como disse, é uma gostosura. Na língua, a gororoba pode ser um desabafo, um suspiro, uma gíria, um bocejo, um erro de concordância, um vício de linguagem. No Sul do Brasil, por exemplo, é proibido fazer a concordância entre a segunda pessoa e o verbo

PETROLÃO E OUTROS -ÕES DEPRECIATIVOS DA LÍNGUA

Já tive oportunidade de comentar aqui no blog que o sufixo -ÃO não é utilizado apenas para descrever algo grande, mas para indicar um termo que assume, com o sufixo, um valor negativo. Os sufixos usados para o diminutivo e para o aumentativo são peculiares. Nas gramáticas mais tradicionais, são classificados como flexões do substantivo. No entanto, há uma discussão já bastante consolidada sobre isso: muitos linguistas defendem que os diminutivos e aumentativos são exemplos de derivação, pois não são alterações obrigatórias, como no caso das flexões, que precisam obrigatoriamente ser respeitadas para que não haja erro gramatical. Portanto, o primeiro aspecto interessante a notar é este: os sufixos usados para o diminutivo e para o aumentativo, entrando na categoria das derivações, são um fator de vitalidade para a língua. Embora sejam sufixos que não mudam, a possibilidade de serem anexados a palavras que não os empregavam tornam potencialmente infinitas as possibilidades de criação.

NOSSA, QUE BANDEIRA!

Brasileiro adora uma festa, imaginem se não teríamos no nosso calendário oficial o dia da bandeira, com direito a cerimônia e tudo! Claro que temos! Aliás, para o Dia da Bandeira, 19 de Novembro, temos hino específico, escrito pelo Príncipe dos poetas, ou seja, Olavo Bilac - o mesmo que compôs o poema "Língua Portuguesa", eternizando o nosso idioma como "última flor do Lácio". Mas essa já é outra história. Bandeira é uma das tantas palavras em português que se caracterizam pela polissemia. Já comentei isso em outros artigos: considero a polissemia um dos elementos característicos da nossa língua (aconselho escrever "polissemia" na janela de busca do blog para listar todos os artigos que mencionam esse tema). Resumo o conceito: a polissemia, por um lado, é uma riqueza, pois revela capacidade de dar sentidos diferentes para um mesmo termo, mas é também um fator de dificuldade para o falante, porque nem sempre temos domínio de todos os sentidos de uma pala

HEIN?

Eu adoro as interjeições. Pobre classe gramatical, especialmente quando é usada pelos jovens. Mas quando empregada por adultos, especialmente os chamados ilustres e respeitáveis, a interjeição enche o peito, vaidosa do papel que representa no teatro das figuras de linguagem. Basta pronunciar um "hein" para que um diálogo mude totalmente o seu curso. O "hein" pode significar dúvida, descrédito, ironia, malícia, inveja, aversão, corroboração. "Hein" pode ser um mundo obscuro: um terreno onde prevalece a interpretação. E quando interpretamos, sabe-se, os limites são muito subjetivos. Eu fico imaginando um diálogo à maneira de Esperando Godot, no qual um dos interlocutores repete continuamente a interjeição "hein". O cara diz nada e diz tudo. Enquanto isso, o mundo. Mas "hein" tem algo mais que as virtudes semânticas. Possui também a beleza local da nossa fonética: não bastasse ser uma típica palavra nasalizada, também contém a ditongaç

O SILÊNCIO, UM DIREITO DESPREZADO

E pensar que o silêncio já foi preceito: hoje nós temos grande dificuldade de calar e, especialmente, de dar significado ao silêncio. Ao contrário, a calúnia e a mentira vendem jornais e espaços publicitários; o direito de resposta aumenta ainda mais as vendas. A manipulação da linguagem está na ordem do dia e quem quer ganhar dinheiro e poder sabe as regras desse marketing. Contra esses abusos não adianta usar decretos e leis. É preciso estar preparado para separar o joio do trigo. A tarefa não é fácil, justamente em uma sociedade de informação que sofre com a inflação de informações e, do ponto de vista negativo, aposta nessa inflação para criar mistificação. Por outro lado, é cada vez mais evidente o papel dos formadores de opinião, cuja posição não se sustenta nos argumentos, mas especialmente na reputação do autor. Uma bobagem dita por quem tem credibilidade no mercado vale muito mais que o bom argumento do autor de série B. Isso vale para a comunicação de massa, mas também p

ACREDITE, QUEM QUISER

Quando a minha mãe queria que as pessoas se assombrassem com um fato, ela nunca deixava de acrescentar no fim da história a expressão: "Acredite, quem quiser". Na verdade, ela não dizia assim. Ela dizia: "acredite-quem-quiser". Quer dizer, a frase era uma única e compacta massa de sentido. Era, como tantas outras do nosso repertório popular, uma expressão linguisticamente sofisticada, construída na ordem inversa, com o uso do futuro do subjuntivo e do imperativo. Uma frase que a gente cansa de encontrar na boca do povo (que não conhece a riqueza do seu linguajar e acredita ser ignorante). Sei que tenho sido insistente ultimamente, mas acredito (e acreditar é muito importante para ensinar) que as pessoas precisam reconhecer o que usam, devem valorizar o que já sabem e, a partir disso, aprimorar o conhecimento. Essa coisa de dar exemplos de como as pessoas são burras, de mostrar que a ignorância campeia solta pelas ruas, pode até ter uma dimensão estatística verifi

CRENÇAS E DESCRENÇAS

A educação está cheia de histórias de descrenças. Há quem não acredite que o ensino possa ganhar da ignorância. No fundo, acredita mais na ignorância que o aluno traz do que no conhecimento que transmite. E o ensino falha. Quando a gente acredita mais na ignorância, ela toma conta do campinho, assola as estatísticas e reforça a ideia de que ensinar é difícil e aprender é complicado. Todo mundo sai perdendo, mas há quem acredite que isso reforce uma certa aura profissional. Há quem não acredite que os alunos sejam capazes de usar estruturas complexas da língua. São pessoas que ouvem pelas ruas frases como "se Deus quiser" ou "se eu pudesse, minha filha" e acham que esses exemplos de subordinação na boca do povo são mero fruto do acaso. Não acreditam que sejam exemplos de interiorização das estruturas da língua nativa. Os descrentes gastam um enorme tempo tentando explicar as difíceis orações subordinadas aos seus subordinados alunos para demonstrarem a tese das d

"PLAIN LANGUAGE", PARA QUE TE QUERO

Você, leitor, que acha a ortografia do português complicada Você, leitor, que no momento da dúvida, desejou intimamente uma ortografia simples, sem exceções Você, leitor, que nunca nessa vida dura teve oportunidade de descobrir etimologicamente a sua língua Você, leitor, que foi desprezado pelos pedantes e humilhado pelos doutos Você, leitor sensato, que até concorda que não haveria mal em unificar fonética e escrita onde não há controvérsia Você, leitor, que assiste aflito às discussões sobre os acordos da língua e aguarda aflito pelo dia em que terá de escrever com outras regras de novo Você, leitor sofrido, estará perguntando: - "Plain Language"? Era só o que me faltava. Pois é. Eu também não pensava na "Plain Language" há tempos. Foi essa barbaridade de proposta chamada "Simplificando a Ortografia" que me fez lembrar dela. Sim, porque há modos e modos de simplificar a vida da gente. Cito dois parágrafos do texto do projeto "Simplificando

FAZER ACORDO É PRECISO, SIMPLIFICAR NÃO É PRECISO

Talvez nem todos os leitores lembrem, mas eu reconheço: defendi o Acordo Ortográfico de 2008 desde o início. Então, como é que agora eu ataco de forma tão veemente a proposta de simplificação da ortografia? (Notícia, aliás, desmentida pelo Senador, mas para mim a emenda ficou pior que o soneto, a partir do momento em que ele admite que há uma comissão estudando questões referentes ao Acordo). Bem, a questão sobre a qual pouca gente fala, mas muito incide na nossa escrita, é a da história da língua. Se a cultura da descoberta da história da língua e da sua ortografia não chegar pelo menos ao ensino médio, os falantes nunca terão oportunidade formal de entender realmente a ortografia da nossa língua. Vou sintetizar muito, só para dar um gostinho e atiçar a curiosidade (na rede há um monte de informações, desde ensaios acadêmicos até artigos informativos sobre o tema). A história da ortografia da língua portuguesa é dividida em três fases: a da escrita fonética, a da escrita pseudo-e

DEIXEM A LÍNGUA VIVER EM PAZ!

Gente, que mania essa de ficar mudando ortografia por decreto! Não está de bom tamanho a polêmica internacional sobre o novo acordo ortográfico? Até parece que os nossos parlamentares, doutos em linguística e gramática, pegaram o gostinho. Ilustres parlamentares: a gente não mexe em time que está ganhando! Deixem a língua viver em paz! Quando a gente começa a mexer muito, traça um destino: morte ou vida artificial. É assim com todas as línguas que não se desenvolvem espontaneamente. As línguas artificiais, como o esperanto, podem ser apenas língua instrumental, nunca serão língua de identidade cultural. Já as línguas mortas, como o latim, sobrevivem graças ao esqueleto bem conservado, mas não produzem inovação. Língua viva é como a gente: aventura-se, deixa-se influenciar por outras, às vezes se perde, às vezes retoma o seu caminho com elegância. E haja elegância! O nosso falar coloquial está cheio de expressões de ilustre origem, a gente nem se dá conta disso (por conhecer pou

LEVANDO AO PÉ DA LETRA, PAGANDO MICO

Recentemente, li que o espanhol e o português (nessa ordem) são as línguas mais "felizes" do mundo, quer dizer, são aquelas em que há maior número de vocábulos ligados à ideia de felicidade. A pesquisa foi feita por uma universidade americana. Também li nas últimas semanas que entre os indícios que levaram à prisão de manifestantes no Brasil, estavam expressões "bélicas", como "bombar", usadas pelos acusados. Os indícios foram recolhidos por doutos policiais. Gente, nem tanto ao céu, nem tanto à terra! A pior forma de levar uma coisa ao pé da letra é levar uma palavra ao pé da letra! Especialmente em uma língua, como o português, cheia de sentidos figurados, usados o tempo todo na linguagem coloquial, interpretar palavras no sentido literal comporta um sério risco de pagar mico. Seria risível, se não fosse trágico, ver como a língua é mal usada em situações que afetam a vida de todos nós. Isso me faz pensar, por exemplo, nas pesadas críticas feitas a

O CERTO E O ERRADO NA ERA DA RELATIVIZAÇÃO

Todo mundo tem uma quimera, eu também tenho a minha: encontrar uma palavra pura, sem dimensão temporal, intercambiável na construção da frase, imune a usos ideológicos. Claro que a língua não pode ter um elemento assim, como acontece com a matemática, porque a língua nunca se submete a composições cristalizáveis. A língua não conhece regras universais e as generalizações feitas a golpe de decreto ou de regra gramatical estão sempre com a guilhotina da evolução pronta para cortar-lhes as cabeças. A consciência de que a língua é uma expressão e uma extensão da experiência humana não deve, porém, levar à ilusão de um comportamento lassista, em que tudo é possível, aceitável e relativo. Na realidade é assim, mas depende: depende de quem fala e do contexto em que fala. Por exemplo, fico muito incomodada com as ridicularizações feitas em relação a pessoas que tiveram pouco ou nenhum acesso à educação formal: aquela coisa de rir do feirante que vende "sebola", da ambulante que

LEGO E A ANATOMIA DO TEXTO

Nem só escrevendo, e errando, a gente aprende a escrever. Em uma época de inflação de material escrito à disposição, dissecar textos também é um modo eficaz para entender e aprender como um texto é estruturado. Esses tempos um amigo pediu uma ajuda nesse sentido: tinha um grande número de informações para sintetizar em um texto curto e que conservasse os dados principais, que ele elencou em quatro pontos. Sim, esse é um bom começo: identificar os pontos mais relevantes. Com esses dados em mãos, o meu trabalho foi realmente muito simples de executar. Em primeiro lugar, eliminei as perífrases. Toda dissertação contém perífrases, expressões que especificam ou ampliam uma afirmação que geralmente é apresentada de forma sintética na introdução. Feito isso, passei às frases. Uma frase longa, muitas vezes estruturada por meio de período subordinado, pode ser desmembrada e eventualmente uma das suas partes pode ser eliminada. Exemplo: "Os nossos produtos, produzidos com a tecnologia

A ARTE DE PERGUNTAR

Não acredito! Este é um tema que eu adoro, como é que nunca dediquei um artigo à questão? O assunto é: a arte de fazer perguntas. Eu sempre fui muito tagarela e despachada. E sempre achei que perguntar não ofende. Que quem tem boca vai a Roma... Eu era o público perfeito para qualquer conferencista. Quando caía aquele silêncio mortal na plateia, eu era aquela que fazia uma pergunta para alívio geral dos autores. Mas é claro que fazer pergunta não é encher linguiça. Há dois tipos odiados nas plateias: aquele se levanta para fazer um comentário que se transforma em conferência-bis e aquele que adora polêmica e é chamado carinhosamente de seminarkiller. Uma pergunta bem feita é outra coisa: não só abre a discussão, como evidencia os aspectos mais salientes no discurso do interlocutor. Aprender a fazer perguntas é uma questão de língua e de educação. A questão educativa: A nossa experiência formal com os questionamentos inicia com a escola, não somente nas situações cotidianas na

SABERES

Hoje vou fugir do assunto. Fosse minha professora, devolveria o meu artigo para mim e escreveria sobre a folha com caneta vermelha e letras garrafais (rasurando em parte o meu próprio texto) que uma redação que não se atém ao tema dado é descartada. Nota zero. Pelo menos assim manda a cartilha dos corretores de redação zelosos no cumprimento do rigor estrutural. Sorte que não sou minha professora. Portanto, viva a divagação. Hoje quero fugir para uma reflexão que me persegue ultimamente: por que temos que aprender o que aprendemos na escola, na sequência em que é apresentada? Por que perseguimos noções enciclopédicas (em muitos casos, disfarçadas por uma abordagem ideológica que engana os professores, antes mesmo de enganar os alunos)? Faço essas perguntas porque o ensino não é natural, mas uma poderosa invenção do homem para criar outros homens. Os professores são um misto de Deus e o diabo... Quando um professor diz que "é assim porque...", cuidado! Ele já está enganand

NOSSA, QUE LÍNGUA ANIMAL!

Eu comecei a escrever este artigo em abril. Parei porque o tema era complicado, e não me arrependi por ter perdido tempo, porque em meados de maio li um artigo que me fez sorrir e tremer: Chomsky e outros grandes estudiosos refutam as teorias sobre a origem da linguagem  que pretendem explicar a evolução da linguagem, criticando as abordagens computacionais, assim como as neodarwinistas; as teorias da linguagem artificial, assim como a genética comparativa: não se sabe como surgiu a linguagem. A arte de sorrir Meu filho adora o mundo animal e tem os animais em grande consideração. Um dia perguntei para ele: quais são, na sua opinião, as diferenças entre os animais e nós, humanos? Do alto dos seus oito anos ele respondeu: hum... os animais geralmente caminham usando quatro patas, nós, não; os animais têm rabo, nós, não. E o que mais? - eu quis saber. Mais nada, ele me disse. Como nada? - contestei - Nós falamos, os animais, não... Então ele me contestou: Os animais falam, sim, mamãe,