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Mostrando postagens de maio, 2012

BEM-ME-QUER MALMEQUER

       Antigamente se escrevia assim: agora, com o Novo Acordo Ortográfico, continua igual. O uso do hífen é a pedra no sapato para os professores que tentam explicar as novas regras ortográficas. Mas antes, também não era? Era, era. Levante a mão quem era capaz de propor sem pestanejar a correta ortografia de uma palavra nova. Palavra listada em gramática não vale. Aqui a questão é de princípio, não de memória.             O Novo Acordo Ortográfico veio colocar a mão nesse vespeiro. Quais são os critérios que adotamos para utilizar ou não o hífen em português? A questão permenece aberta. Pronto. O problema não está resolvido, mas já temos um ponto de partida.             E nas outras línguas, tudo está certinho, ninguém tem dúvidas? Tem. Em inglês, basta confrontar meia dúzia de jornais cotidianamente para ver como as expressões compostas aparecem nas mais variadas formas: compostas com palavras soltas, ligadas por hífen, compondo uma palavra única por justaposição. O meu car

CUNHADO NÃO É PARENTE, MAS...

Para explicar os falsos cognatos em português, eu costumo recorrer a uma frase de Leonel Brizola, político diretamente implicado nos fatos que antecederam o golpe militar de 1964: "cunhado não é parente!", ele dizia. Brizola era cunhado do então presidente João Goulart, sob assédio, que assumira a presidência após a renúncia de Jânio Quadros. Por um lado, Brizola defendia a legalidade da presidência do cunhado; por outro, via a possibilidade de tornar-se candidato em uma eventual eleição. Mas a lei eleitoral vetava candidatos com relações de parentesco, daí a oportunidade da frase: "cunhado não é parente!". A brincadeira tem sentido em italiano porque a palavra "cognato" na língua de Dante significa "cunhado". Em português "cognato" significa "parente". Portanto, se falamos de "falsos cognatos", falamos de falsos parentes, falamos de palavras que induzem ao equívoco. De fato, cunhado não é parente, cunhado é afim!

O CATIVAR AMOROSO DA MESTRA

Dizer que Maria Luiza Ritzel Remédios foi uma das mais importantes professoras de literatura portuguesa, de narratologia e de outras áreas dos estudos literários no Rio Grande do Sul é dizer somente parte da verdade. Maria Luiza sabia educar a sensibilidade literária, integrava a sua própria sensibilidade na sua atuação profissional e não temia que a sua proximidade para com os alunos fosse mal interpretada por quem associa competência a uma capacidade de distanciamento e de isolamento em um patamar inatingível aos principiantes. Conheci Maria Luiza por teimosia. Adorava a língua portuguesa e em meus primeiros voos como estudante de Letras dedicara-me aos verbos. Mas quando tive a oportunidade de concorrer a uma bolsa para estudar a língua, recusei com sinceridade: sim, adorava a língua, mas estudava Letras para entender a literatura. Insisti até conseguir entrar no curso de Pós-graduação em Letras da PUCRS, em Teoria da Literatura, naturalmente. Como um Caetano deslu

SONHO

Deixo a palavra a Sara Piccoli , autora desse belíssimo texto, em que fala da sua experiência com a língua portuguesa.  Sonho é palavra ônibus. Sonho não é apenas o produto do nosso subconsciente quando dormimos, mas é , sobretudo, alguma coisa que almejamos, que desejamos fortemente, mas que não sabemos se vai virar realidade, daí a expressão: “.... seria um sonho !”. Em qualquer acepção quisermos considerar a palavra, sonho indica em todo caso alguma coisa que somente nos pertence e que ninguém poderá jamais roubar. Sonho é dimensão onde tudo é possível, mesmo que o objeto do nosso sonho não seja possível na realidade, porque sonhar ultrapassa os limites de espaço e de tempo em que vivemos. Sonho é alguma coisa que pertence somente à gente, um desejo forte, alguma coisa que sempre vamos levar conosco no âmago do nosso ser, alguma coisa que talvez só nós possamos entender direitinho, que sempre vai nos animar e que sempre vamos visar. Sempre sonhei muito e sigo sonh

DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Para comemorar o Dia da Língua Portuguesa leio um poema de Fernando Pessoa, porque a poesia exprime plenamente o seu lirismo quando ouvida. Cada interpretação é única e imperfeita, mas, se assim não fosse, que língua promissora seria a nossa?