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Mostrando postagens de março, 2014

TÃO -ONHO... TÃO INTRADUZÍVEL

A musicalidade é um dos pontos fortes da nossa língua portuguesa. Além da abundância de vogais (sete orais e cinco nasais), temos as consonâncias que se formam pela riqueza de -m, -n e -nh no nosso léxico. E temos as variações morfo-fonéticas, que só nós produzimos com tal criatividade. Um exemplo é o sufixo -ano, do qual derivam -ão, -âneo, -anho, -enho, -ônio e -onho (que me interessa hoje), sem falar das flexões de gênero e número. -Ano e seus derivados indicam origem, proveniência. Não por acaso, é utilizado em muitos adjetivos pátrios: americano, italiano, colombiano, etc. Também é interessante notar que o sufixo é pouco usado para os adjetivos pátrios referentes ao Velho Continente (casos específicos, justamente porque são nações jovens, são italiano e alemão) e muito utilizado no Novo Mundo, em que a pertença está ligada ao país que conquistou independência após o período colonial. Na Europa, a ideia de filiação (o nosso sufixo -ês), de uma pertença de "sangue", é mu

QUE TEXTO HORRÍVEL!

“Respondeo o emperador de todas estas cousas ǭ  me auees dito creo eu firmemente. & digovos em verdade ǭ se o santo profeta jesu christo todo poderoso me quer dar saude no meu corpo segũdo a eu tijnha ǭ eu vingarey a sua morte & lhe cõprirey todo quãto lhe tenho pmetido.”  Antes de comentar o texto acima, gostaria de dar a fonte do material:  Leia aqui o artigo sobre o texto citato No artigo do professor  Silvio de Almeida Toledo Neto, reproduzido no blog, há uma boa descrição do texto do qual citei o pequeno trecho acima. Também gostaria de explicar que para o "e" usado como conjunção aditiva (no texto aparece com um sinal gráfico semelhante a um "7"), optei pela transcrição com o "&" - também chamado "comercial", pois em muitos textos impressos (com fins comerciais, e com uma grande consciência de economia, como veremos adiante) o " & " é utilizado para evidendar a sua função como conjunção. E também esse "

BÚSSOLAS

Eles falam por si: Paulo Freire - o universo vocabular e os oprimidos. Aprender a ler e escrever estudando uma hora por dia, apesar da pobreza, apesar das dificuldades da vida. Ele foi lá, acreditou, e o povo conseguiu. https://www.youtube.com/watch?v=EzjY0x37E88 Rubem Alves - aprender a aprender. Um educador é uma pessoa que ama as crianças. Mas não basta amar as crianças, ele tem de ter vontade de ensinar o mundo às crianças. https://www.youtube.com/watch?v=3_WuJdw-MEo Ken Robinson - todos somos diferentes e diversos. O problema é que o programa educacional não é baseado na diversidade, mas na conformidade. A conformidade é um horizonte muito restrito para nós, seres humanos. https://www.youtube.com/watch?v=s24IgYIK59k&feature=youtube_gdata_player Os três educadores têm um ponto em comum: a curiosidade; uma característica humana essencial para despertar o desejo de descobrir e de aprender. Não gosto de falar muito quando os mestres estão com a palavra. Quero apena

DEVAGAR COM O ANDOR!

Então, para o pessoal que leu o meu desabafo no texto anterior (http://palavrasdebulhadas.blogspot.it/2014/03/o-jogo-dos-sete-erros.html): vamos falar um pouco dos erros crassos? Premissa: 1. Quando digo "devagar com o andor", estou fazendo uma alusão ao fato de não estar comentando um texto qualquer, mas um texto presidencial, pronunciado diante de autoridades supranacionais. Todavia, alguns erros do texto mostram que o discurso também deveria ter levado em consideração os interlocutores que menciona. Já veremos isso. 2. Quando menciono "erros crassos", gostaria de lembrar que a escolha da expressão não é casual. Crasso (esse senhor representado na escultura acima) ficou conhecido na história por ter subestimado o poder do Império Pártia (uma região que hoje corresponderia a uma parte do território iraniano), perdendo não apenas a batalha, mas a própria vida, na vanglória de conquistar aquela província para si. É isso, devagar com o andor... Primeira c

O JOGO DOS SETE ERROS

Todo mundo conhece o ditado: "errar é humano, persistir no erro é burrice". Eu digo mais: ostentar os erros é falta de respeito por quem lê, para não dizer que é arrogância. Até admito que não somos a pátria dos filólogos de plantão, mas não somos um país de cegos, não basta um olho para ser rei da sala de imprensa. Vendo um dos últimos discursos da Presidenta Dilma (sem entrar no mérito do conteúdo), fiquei perplexa com o tipo de transcrição feito pela assessoria de imprensa da Presidência da República. Todos os erros e equívocos que podem ocorrer quando alguém fala improvisando, sem um discurso preparado, estão ali impressos, registrados para a posteridade. Isso não só mostra o baixo nível de profissionalismo de quem administra a assessoria de imprensa, mas coloca a figura institucional que representa o país em uma situação constrangedora. Aqui vai a versão completa, impressa: http://www2.planalto.gov.br/imprensa/discursos/discurso-da-presidenta-da-republica-dilma-ro