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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

COISIFICAÇÃO, CONSEQUÊNCIAS SEMÂNTICAS

Estava lendo Darcy Ribeiro quando me deparei com um termo que o autor certamente não usou por acaso: ao comentar o processo de escravidão, ele falou de importação de escravos. Algumas linhas adiante, voltou a repetir que os escravos eram importados. O termo "importação" doeu na carne. Estou convicta de que Darcy Ribeiro usou o termo para causar mal-estar, para evidenciar a coisificação de seres humanos durante o regime escravocrata. Um regime que durou trezentos anos. Mas o cotidiano nos reserva outros termos que surpreendem e sobre os quais nem sempre nos questionamos. Expressões como "recursos humanos" ou "capital humano" evidenciam o valor econômico ligado às pessoas inseridas no processo de produção. As pessoas possuem qualidades, ou qualificações, visto que as expressões mencionadas são empregadas na esfera profissional. Serem tratadas como "recurso" ou como "capital" revelam uma perspectiva sobre a sua condição, não é? T

BERINGELA OU BERINJELA?

Ah, a berinjela, ou beringela, como quiserem. Quem não passou pela penitência escolar de ter de demonstrar conhecimentos ortográficos na mais tenra idade, escolhendo entre as letras "G" ou "J"? Não lembro como completei a palavra quando era criança, mas lembro que não entendia a regra e que o único jeito para solucionar o problema era decorar a forma indicada pela professora. Suponho que metade da turma acertou o exercício e a outra metade errou a loteria. Mas a pior notícia é que berinjela está certo. E beringela também está. Beringela é uma forma mais antiga, que sugere, pelo uso da consoante "G", que a palavra foi plenamente integrada na língua. Os portugueses continuam escrevendo assim até hoje. Berinjela é de uso corrente no Brasil e indica, por meio da consoante "J", que a palavra é de origem estrangeira. A grafia com "J" ganhou espaço quando se tomou consciência de que a palavra tinha sido introduzida na língua por meio do