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Mostrando postagens de julho, 2017

HABEMUS MINISTRUM

Os franceses possuem uma expressão popular para exprimir a continuidade no poder. Eles dizem: “le roi est mort, vive le roi!”, ou seja, o rei está morto, viva o rei. Esta era a fórmula utilizada pela monarquia, antes da Revolução Burguesa, para afirmar a solidez da instituição. Nada como a história para destruir as nossas mais sólidas convicções. De toda forma, o dito continua vivo. Em italiano, adaptando a noção de monarquia, costuma-se dizer: “morto un papa, se ne fa un altro”, quer dizer, quando um papa morre, elege-se outro. E para dar o anúncio, usa-se a frase solene, em latim: “habemus papam”. Nada como um dito popular para destruir o comparativismo reles que compromete uma análise. Citei os dois casos, em que temos nada mais que uma tradução feita por equivalência, considerando, portanto, o contexto cultural no qual as frases são empregadas, para mostrar que podemos traduzir, mas não podemos generalizar. Ou seja, a validade da sentença é estritamente local e a adaptaçã

NOMENCLATURA, CULTURA

Semanas atrás reclamei dos veganos na minha coluna no Correio Riograndense: percebo que a minha antipatia não se relaciona apenas à atitude, mas também à nomenclatura. Vivemos imersos em uma cultura com seus nomes e respectivas definições. Exemplo: hambúrguer, termo que indica um bolinho prensado de carne, inventado em Hamburgo, que lhe emprestou o radical para a formação do nome. Não dá para separar hambúrguer do nome da cidade e do seu ingrediente principal: hambúrguer vegano é uma contradição. Entendo que para os veganos é difícil afastar-se da cultura na qual estão mergulhados. Mas proponho uma comparação, para fazer uma provocação:  se os comunistas substituíssem o nome do seu sistema por uma expressão mais digerível dentro do sistema capitalista, será que haveria o mesmo impacto, causaria a mesma apaixonada oposição?  Se Marx tivesse definido o comunismo como "capitalismo do bem" ou como "capitalismo sem classes", estaria fazendo uma boa definição? Faço mai