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Mostrando postagens de outubro, 2016

Um silêncio aberrante

O silêncio é aquele espaço entre uma letra e outra, entre uma sílaba e outra, entre uma palavra e outra, entre uma frase e outra, entre um parágrafo e outro, entre um texto e outro, entre uma vida e outra, na qual nós, leitores de textos, do tempo e da vida, inserimos a nossa interpretação - também essa silenciosa. Os silêncios se falam, mas ninguém sabe se eles se entendem. Só podemos testar o nível de compreensão quando abrimos o texto ao diálogo, quando com generosidade e sem temor nos abrimos ao que o leitor possa pensar daquilo que leu. Só podemos fazer isso, depois que as páginas são esfolheadas e percorridas pelo olhar atento, correndo o risco de acolher suspiros, queixas, espantos, repulsa, paixão, obsessões, ideias fixas ou opiniões vazias. Mas esses silêncios são sempre instigantes, mesmo que não se traduzam, mesmo que nunca saibamos o que querem dizer. Há somente um silêncio assustador, desumano, niilista, que nos ameaça constantemente: o silêncio do escritor. O silêncio d