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Mostrando postagens de junho, 2017

MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDA-SE A LINGUAGEM

A língua, como no soneto atribuído a Camões, muda de acordo com o tempo e com a vontade de mudança das nossas sociedades. Para dar uma ideia de como a língua é dinâmica, basta pensar que em um ano mais de 800 palavras foram incluídas no nosso idioma. Também li que em italiano, nos últimos dez anos, cerca de 7500 novas palavras foram introduzidas no dicionário mais popular do país, o Zingarelli. Mas como a língua muda? A língua, como a sociedade, transforma-se de modo desigual, pois não podemos afirmar que tudo em uma sociedade possui a mesma prioridade: seria uma contradição. Há setores que recebem maior impulso, outros que recebem mais atenção, outros que são mais necessários. Partindo dos dados referentes à língua italiana, podemos ter uma ideia de como a ampliação do  vocabulário ocorre também em português, já que muitas palavras possuem um uso global. Os setores que mais produzem neologismos são a informática e a medicina. Até aqui, nenhuma surpresa, em duas áreas de ponta, conti

10 MOTIVOS PARA GOSTAR DA LÍNGUA PORTUGUESA

Cada pessoa tem o seu encanto, cada língua também. Chego mesmo a pensar que o encanto de certas pessoas não seria o mesmo se elas falassem uma língua diferente: o encanto muda de acordo a língua que a pessoa está falando. O efeito é diferente nos nossos ouvidos. Para nós, falantes de português, isso é ainda mais evidente, porque apenas nós possuímos essa frase imortal: "A minha pátria é a língua portuguesa" (Livro do Desassossego, Bernardo Soares/Fernando Pessoa). Circulamos em um terreno fluido desde o berço, em que as fronteiras são mais culturais e emotivas do que políticas e nacionais. Esse percurso linguístico nos forma e nos transforma. Nos leva ao passado, nos incorpora às nossas raízes, nos faz sonhar com terras distantes. Se isso não basta, listo aqui outros bons motivos para gostar da língua portuguesa: 1. Uma língua que agrega, não exclui Nós detestamos usar palavras estrangeiras. Ao agregar palavras de outros idiomas, adaptamos os termos à nossa ortografia e

POR OUTRO LADO, CUIDADO

Levante a mão quem não aprendeu que uma boa dissertação escolar precisa apresentar os argumentos e contra-argumentos em dois parágrafos separados? É verdade. Ensina-se assim. Apresenta-se a questão que "por um lado" é assim e "por outro lado", assado. Tudo bem, mas cuidado com o "por outro lado". Quando estamos apresentando o outro lado da questão, que muitas vezes não coincide com o que pensamos, acreditamos, defendemos e consideramos correto, corremos um risco bastante alto de fazer uma média, em vez de apresentar realmente o outro lado. Corremos o risco de relativizar a nossa própria posição, a fim de dar espaço à posição do outro. Corremos o risco de assumir uma posição que não é nossa e de parecer que, afinal de contas, não temos nenhuma posição, apenas precisamos preencher trinta linhas seguindo o modelito do manual. Uma boa dissertação é bem diferente disso. Não requer uma posição equidistante, assética, indolor. Façamos um exemplo: devo falar sob