Dizem que o público das tragédias gregas na época da Grécia antiga experimentava a sensação de catarse: sentia como se vivenciasse realmente o que estava apenas vendo ser representado no palco.
Dizem que o público shakesperiano não só confundia o ator com a personagem representada, mas também comia, bebia e conversava no Globe Theater enquanto a cena era representada.
Dizem que o telespectador brasileiro não faz distinção entre o ator e a personagem da novela televisiva.
Dizem que Molière morreu durante uma encenação de O doente imaginário: mais sobreposição entre realidade e representação impossível.
Deve ser por isso que os possíveis biografados brasileiros têm tanto medo dos autores. O leitor não vai saber fazer a distinção entre a representação e a realidade... Qual realidade? Não era Caetano Veloso que dizia que de perto ninguém é normal?
Enfim, eu entendo que os ídolos não queiram ser biografados. Não queiram estar acima do bem e do mal. Queiram aquela cotidianidade mediana, sem glória e sem infâmia. Como um comum mortal, para o qual não vale a pena gastar a tinta.
Melhor deixar estar e dedicar-se a quem esteja disposto a correr todos os riscos. Inclusive o de ser compreendido nas suas fraquezas, na sua mais explícita humanidade. Ou na sua reles humanidade.
É que não se fazem Fernando Pessoa todos os dias, não se fazem autores malditos, de glória póstuma, que durante a vida foram capazes de descrever si mesmos como: "vil no sentido mesquinho e infame da vileza".
P.S. Peço desculpas imensamente a quem segue o blog pela inconstância dos últimos dois meses. Não é que falte assunto, falta tempo, no sentido físico, prosaicamente físico da palavra.
Dizem que o público shakesperiano não só confundia o ator com a personagem representada, mas também comia, bebia e conversava no Globe Theater enquanto a cena era representada.
Dizem que o telespectador brasileiro não faz distinção entre o ator e a personagem da novela televisiva.
Dizem que Molière morreu durante uma encenação de O doente imaginário: mais sobreposição entre realidade e representação impossível.
Deve ser por isso que os possíveis biografados brasileiros têm tanto medo dos autores. O leitor não vai saber fazer a distinção entre a representação e a realidade... Qual realidade? Não era Caetano Veloso que dizia que de perto ninguém é normal?
Enfim, eu entendo que os ídolos não queiram ser biografados. Não queiram estar acima do bem e do mal. Queiram aquela cotidianidade mediana, sem glória e sem infâmia. Como um comum mortal, para o qual não vale a pena gastar a tinta.
Melhor deixar estar e dedicar-se a quem esteja disposto a correr todos os riscos. Inclusive o de ser compreendido nas suas fraquezas, na sua mais explícita humanidade. Ou na sua reles humanidade.
É que não se fazem Fernando Pessoa todos os dias, não se fazem autores malditos, de glória póstuma, que durante a vida foram capazes de descrever si mesmos como: "vil no sentido mesquinho e infame da vileza".
P.S. Peço desculpas imensamente a quem segue o blog pela inconstância dos últimos dois meses. Não é que falte assunto, falta tempo, no sentido físico, prosaicamente físico da palavra.
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