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INFINITO INFINITIVO

Ele é da turma dos vilões de respeito. Mais de oitocentas mil páginas na internet discutem o que ele é, como é usado e para que serve. Não há vestibular que o deixe de lado. É uma das nossas marcas linguísticas. Causa polêmica entre bacharéis e simples mortais. É confundido com o futuro do subjuntivo (e o pior é que há teses que defendem que o infinitivo derive de fato do futuro do subjuntivo – embora essa não pareça ser a linha dominante entre os filólogos). Pode ser facultativo. É sinal de distinção que pode jogar a discussão mais para o terreno da estilística que para o da sintaxe/morfologia. Há quem diga que não é uma invenção vernacular, mas uma continuação de formas do latim vulgar, presentes também no galego e no mirandês, únicas línguas neolatinas a apresentarem essa característica. O grande Camões não se faz de rogado, e coloca cá e lá um infinitivo pessoal n’Os Lusíadas, que é o monumento fundador do português moderno. O infinitivo dá livro: desde os prontuários para principiantes da língua (ou não)  até os estudos sobre a sua presença no uso coloquial da língua. Começa a virar título de ficção. Bom sinal: sinal de vigor da língua. O infinitivo parece não ter descanso. O infinitivo não tem fim. É bom de vez em quando se perder numa dúvida sobre o infinitivo e descobrir que a língua portuguesa é viva e nos coloca à prova.

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