A rede está aí. A globalização está aí. A pós-modernidade está aí. Não é opinião, é um fato.
Isso significa lidar com uma realidade na qual tudo é colocado em discussão, na qual a informação - correta ou falsa - difunde-se em milésimos de segundo, na qual reina a relativização, e na qual os saudosistas de um mundo linear e hierárquico continuam usando o giz como arma principal.
Lembro de uma das primeiras vezes em que apresentei um estudo sobre a pós-modernidade na literatura: um dos professores na banca de avaliação estava chocado. Não entendeu que a pós-modernidade não é uma ideologia, é uma condição à qual se responde literariamente, arquitetonicamente, sociologicamente, economicamente. E as respostas não são unívocas: há respostas que acentuam a distorção de forma irônica, outras reforçam a imagem do mundo que conhecemos hoje e que, graças a essa realidade globalizada, é também um mundo total apenas na aparência. Nunca como hoje as complexidades foram tão intensas, a necessidade de dar sentido a formas caóticas foi tão urgente, a fragmentação que se traduz num desdobramento em várias "personas" foi tão característico do nosso viver sozinhos na multidão.
Na minha tese de doutorado, propus uma hipótese de teoria da leitura pós-moderna, ou seja, uma chave para interpretar o presente e o passado à luz do presente, num contexto de grande problematização e de pedagogias inclusivas. Como lidar com a construção do conhecimento, rompendo o paradigma de educação como "preenchimento da folha branca"? A resposta que proponho é o reforço da figura do professor, como mediador experiente e sujeito designado para guiar o processo de reflexão. Na realidade, não difere muito da maiêutica platônica, mas ao explicitar como fundamental o trabalho do professor em contexto, atualiza a perspectiva dos primeiros filósofos gregos.
Com o necessário equilíbrio, cabe ao professor levar as pessoas a compreenderem a diferença entre uma apologia, por exemplo, e a liberdade de expressão. Este é um ponto de base em qualquer processo. A apologia se destina a defender por meio de argumentos algo que parece condenado. A liberdade de expressão é uma prerrogativa para exprimir o que não deveria ser vetado. A apologia em geral é proibida por lei porque a sociedade considera que certos temas são indefensáveis. É o caso das discriminações por sexo, idade, credo religioso e outros, geralmente elencados nas constituições dos países, nos seus códigos civis ou penais. Portanto, quando as pessoas defendem o indefensável não podem invocar o direito de liberdade de expressão.
Isso, contudo, não significa eliminar a discussão de temas condenados ou de temas que não agradam certos grupos. Discute-se racismo, discriminação, sexo, identidade: mas não é admissível fazer ou permitir que se faça apologia ao holocausto, à tortura, à violência. Eliminar temas de discussão é aceitar o perigoso equilibrismo pregado pela escola sem partido, por exemplo. É abrir mão do equilíbrio, da construção do conhecimento, em favor da "folhinha branca de papel a ser preenchida". A escola sem partido é a porteira aberta para a apologia e para a limitação da liberdade de expressão. Isso acontece porque não há confiança no trabalho do professor, no seu poder de mediação. E não há confiança na capacidade de aprendizagem dos estudantes, na sua habilidade para construir, reflexão após reflexão, um conhecimento fundamentado, que exige esforço para o seu amadurecimento.
É triste constatar que tantos hoje no Brasil, dando asas à própria ignorância, vejam com medo o processo educativo. Preferem a rede como único parâmetro de informação, apostam na repetição como instrumento de consenso, relativizam em nome da própria convicção. E ao final de tudo, ainda são capazes de chamar essa vulgaridade intelectual de realidade pós-moderna. O que fazer diante de um quadro tão trágico? Seguir em frente, sem medo de desconstruir falácias.
Aliás: a desconstrução. Este, sim, é um termo, gostando ou não, característico da crítica pós-moderna, que não se amedronta diante da realidade.
Isso significa lidar com uma realidade na qual tudo é colocado em discussão, na qual a informação - correta ou falsa - difunde-se em milésimos de segundo, na qual reina a relativização, e na qual os saudosistas de um mundo linear e hierárquico continuam usando o giz como arma principal.
Lembro de uma das primeiras vezes em que apresentei um estudo sobre a pós-modernidade na literatura: um dos professores na banca de avaliação estava chocado. Não entendeu que a pós-modernidade não é uma ideologia, é uma condição à qual se responde literariamente, arquitetonicamente, sociologicamente, economicamente. E as respostas não são unívocas: há respostas que acentuam a distorção de forma irônica, outras reforçam a imagem do mundo que conhecemos hoje e que, graças a essa realidade globalizada, é também um mundo total apenas na aparência. Nunca como hoje as complexidades foram tão intensas, a necessidade de dar sentido a formas caóticas foi tão urgente, a fragmentação que se traduz num desdobramento em várias "personas" foi tão característico do nosso viver sozinhos na multidão.
Na minha tese de doutorado, propus uma hipótese de teoria da leitura pós-moderna, ou seja, uma chave para interpretar o presente e o passado à luz do presente, num contexto de grande problematização e de pedagogias inclusivas. Como lidar com a construção do conhecimento, rompendo o paradigma de educação como "preenchimento da folha branca"? A resposta que proponho é o reforço da figura do professor, como mediador experiente e sujeito designado para guiar o processo de reflexão. Na realidade, não difere muito da maiêutica platônica, mas ao explicitar como fundamental o trabalho do professor em contexto, atualiza a perspectiva dos primeiros filósofos gregos.
Com o necessário equilíbrio, cabe ao professor levar as pessoas a compreenderem a diferença entre uma apologia, por exemplo, e a liberdade de expressão. Este é um ponto de base em qualquer processo. A apologia se destina a defender por meio de argumentos algo que parece condenado. A liberdade de expressão é uma prerrogativa para exprimir o que não deveria ser vetado. A apologia em geral é proibida por lei porque a sociedade considera que certos temas são indefensáveis. É o caso das discriminações por sexo, idade, credo religioso e outros, geralmente elencados nas constituições dos países, nos seus códigos civis ou penais. Portanto, quando as pessoas defendem o indefensável não podem invocar o direito de liberdade de expressão.
Isso, contudo, não significa eliminar a discussão de temas condenados ou de temas que não agradam certos grupos. Discute-se racismo, discriminação, sexo, identidade: mas não é admissível fazer ou permitir que se faça apologia ao holocausto, à tortura, à violência. Eliminar temas de discussão é aceitar o perigoso equilibrismo pregado pela escola sem partido, por exemplo. É abrir mão do equilíbrio, da construção do conhecimento, em favor da "folhinha branca de papel a ser preenchida". A escola sem partido é a porteira aberta para a apologia e para a limitação da liberdade de expressão. Isso acontece porque não há confiança no trabalho do professor, no seu poder de mediação. E não há confiança na capacidade de aprendizagem dos estudantes, na sua habilidade para construir, reflexão após reflexão, um conhecimento fundamentado, que exige esforço para o seu amadurecimento.
É triste constatar que tantos hoje no Brasil, dando asas à própria ignorância, vejam com medo o processo educativo. Preferem a rede como único parâmetro de informação, apostam na repetição como instrumento de consenso, relativizam em nome da própria convicção. E ao final de tudo, ainda são capazes de chamar essa vulgaridade intelectual de realidade pós-moderna. O que fazer diante de um quadro tão trágico? Seguir em frente, sem medo de desconstruir falácias.
Aliás: a desconstrução. Este, sim, é um termo, gostando ou não, característico da crítica pós-moderna, que não se amedronta diante da realidade.
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