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PALAVRAS OFENSIVAS, SEM QUERER

A gente não precisa eliminar do dicionário palavras ofensivas, desagradáveis, discriminatórias. Não precisa. Não precisa ser politicamente correto para lavar a consciência, se a substância não muda. Ao contrário, é preciso compreender o quanto as palavras podem ferir e só por isso evitá-las. É preciso ter empatia, sentir o que dói no ouvido do outro para compreender os motivos pelos quais certas palavras não deveriam ser usadas, especialmente quando o uso não é utilizado com o preciso objetivo de ofender!
Imagine, por exemplo, quando alguém com muita pena por uma perda devido a um desastre natural, digamos uma chuvarada que estraga a horta, exclama: "que judiaria!". A expressão "que judiaria!" é muito comum no Rio Grande do Sul. Vem da palavra "judeu", mas a maioria das pessoas não pensam nisso quando usam essa expressão em vez de dizer "que pena!" ou "sinto muito!". Dizem "que judiaria!" e se a pessoa comenta como isso é desagradável e como pode ser ofensivo, às vezes as pessoas respondem quase ofendidas que não disseram por querer e fazem questão de dizer que não têm preconceito em relação a ninguém.
O mesmo acontece com outra expressão comuníssima no nosso cotidiano: "que indiada!", usada para se referir a algo desorganizado, que pode gerar uma gafe. As culturas nativas, para quem não sabe, possuem um senso de organização impressionante, que pode ser visto na organização espacial das aldeias ou na geometria dos objetos que tecem com palha, entre outras coisas. Além disso, se há um traço de hospitalidade que distingue a cultura brasileira, esse traço é uma herança das culturas indígenas, que acolheram os colonizadores no Brasil. Hospitalidade é traço de quem recebe, gafe é característica de quem não sabe ser acolhido.
Pensem nisso quando decidirem usar palavras como essas de forma impensada, sem querer. Sem querer, você pode estar magoando alguém e reforçando estereótipos que, talvez, diz não alimentar.

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