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ÉTICA - EM VIA DE EXTINÇÃO

Como pode uma palavra com setenta e nove milhões de citações na rede, com mais de oitenta e cinco mil citações em notícias, estar em via de extinção?
Porque estão em via de extinção não apenas as palavras abandonadas, mas também aquelas que são utilizadas para chamar a atenção da opinião pública, ou, mais tristemente, as que se tornam objeto de polêmicas retóricas.
A palavra "ética" hoje virou arroz-de-festa. Todo mundo usa para tirar o máximo proveito e usar o mínimo esforço. É claro que isso resulta de uma dissociação entre o discurso e a vida real. O método descritivo tomou o lugar do confronto de ideias.
Moral da história: todo mundo fala sobre tudo e pode dizer, sem pestanejar, que está descrevendo o fato, não está defendendo a tese.
O chato é que há anos, por defender as minhas posições, tenho sido acusada de ser moralista...
Moralista, eu?
Há anos tenho travado essa batalha quixotesca de buscar uma relação entre o dito e o feito. Eu não sou moralista, eu sou prosaica. Sou provinciana. Sou simples. Mas amo a poesia e as suas formas sublimes!
Digo o que penso e ponho em prática o que creio, a custo de ser chamada anacrônica...
Paciência, cada qual com o seu estereótipo... melhor ser chamada de moralista do que ser considerada uma alpinista social...
Contudo, o ponto que aqui me interessa é sempre a língua.
Língua plena, não língua vazia. Língua com significados plenos.
Nesse sentido, apesar de não ter números qualitativos (somente quantitativos), tenho certeza de que as coisas andam mal. A ética é uma qualidade rara na vida pública. A sua rarefação é um defeito que contamina latitudes e longitudes, com poucas exceções.
Não que não haja nobrezas a recordar. Sempre há um Olívio Dutra. Sempre há. Mas como Olívio, quantos mais?

Comentários

  1. Talvez ética seja uma palavra globalizada demais. Tenha virado clichê e esteja sendo usado por aí, à toa.
    Gosto mais de "valores". Tenho observado um pouco as pessoas, os fatos, e me surpreende ainda algumas atitudes. Felizmente tenho tido gratas surpresas. Nesses casos, sempre tem uma raiz. E em todos os casos, são aqueles modos, palavras, ações que os pais ou os avós repassavam, que marcavam fortemente o que era certo e errado. Não sei se naquele tempo a palavra já existia, ou se era tão usada. Mas parecer que as coisas funcionavam melhor.

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