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PARA AS CALENDAS GREGAS, OU À GUISA DE VOTOS PELO AVESSO


Calendas era o primeiro dia de cada mês do calendário romano na Antiguidade. “Para as calendas gregas” é uma daquelas expressões ainda vivas no uso popular da língua italiana, e quer dizer simplesmente “nunca”, porque as “calendas” eram romanas, não existiam em grego. Usamos a expressão também em português, mas de modo muito mais literário: a alma devota do nosso povo prefere o “dia de são nunca”, que não deixa de ter a sua beleza. Mas voltando às calendas, dizem que a expressão era usada frequentemente pelo imperador Augusto para referir-se às pessoas que sempre adiavam o pagamento das suas dívidas.
Nada mais atual, agora que o tempo nos impõe olhar no calendário cheio de folhinhas novas todas as agruras que nos esperam no ano novo. Eis, portanto, a lista dos meus votos do que pode ser adiado para as calendas gregas:

1) deixe para o dia de são nunca aquele objeto supérfluo de que você nunca vai precisar e que um dia vai jogar fora poluindo ainda mais o planeta;

2) diante dos problemas cotidianos, repita todos os dias: amanhã não vou deixar barato, mas não esqueça de repetir o mantra diariamente, do contrário não funciona e você acaba perdendo a paciência (e vá dizer que não é fácil irritar-se numa crise como a que estamos vivendo?);

3) adie quanto puder aquela limpeza no baú com as velhas fotografias: o pior aliado da esperança no futuro é um passado muito saudoso.

Vamos em frente, que ninguém jamais saiu de um poço pelo fundo.

 

Comentários

  1. Este termo foi utilizado hoje 29/08/2016 no plenário do CONGRESSO NACIONAL, referindo-se sobre seu afastamento definitivo do cargo de Presidente da Republica do Brasil. Não me recordo do Texto do seu discurso.

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  2. Este termo foi utilizado hoje 29/08/2016 no plenário do CONGRESSO NACIONAL, referindo-se sobre seu afastamento definitivo do cargo de Presidente da Republica do Brasil. Não me recordo do Texto do seu discurso.

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