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Quem tem medo de tradutores automáticos?

Os tradutores automáticos irão eliminar os tradutores.
Os tradutores automáticos não são confiáveis.
Os tradutores automáticos são indispensáveis.
Os tradutores automáticos estimulam a preguiça mental.


Adoro os tradutores automáticos. Alguns não são completamente automáticos, como o TRADOS, um software de tradução assistida, na qual o tradutor trabalha contemporaneamente com o programa, aceitando as traduções sugeridas ou corrigindo as propostas, criando dessa forma uma memória para trabalhos futuros. O TRADOS não trabalha com frases inteiras, mas com blocos de palavras, isso aumenta a sua capacidade de encontrar repetições e propor as traduções certas para cada segmento.
Sem dúvida, o Google Tradutor é a ferramenta mais usada no mundo, especialmente pelo público não profissional, que precisa resolver algum problema de compreensão e não quer investir no custo de uma tradução profissional. O Google melhorou bastante ao longo dos últimos anos, inclusive oferecendo a possibilidade de tradução de blocos grandes, com até 5000 caracteres. Isso significa que se você está com dificuldade para ler um artigo médio de jornal, com uma única operação pode copiar, colar e o programa será capaz de fornecer a tradução completa. Ajuda, mas não resolve, pois raramente a tradução do Google é perfeita. Quando posso, uso a ferramenta de colaboração, para melhorar as traduções futuras, minhas e dos demais usuários, mas não compreendendo bem o modo como funciona a lógica de tradução do programa, a operação de correção às vezes é trabalhosa, requer tempo e disponibilidade. Quem está interessado apenas em uma tradução superficial talvez não dedique seu tempo a isso.
Um outro tipo de ferramenta muito interessante era oferecido pelo portal da União Europeia e mais tarde foi generalizado por empresas de informática. O portal se chamava Eur-lex e disponibilizava a legislação europeia em duas línguas da União, à escolha do usuário. Comparando os textos, traduzidos manualmente pelos tradutores da União Europeia, era possível comparar as línguas escolhidas para a comparação. Entretanto, não era possível inserir no sistema um texto que já não estivesse presente no banco de dados da instituição. O Eur-lex, mais do que tudo, poderia funcionar como um tira-dúvidas, no caso de algum termo específico, desconhecido em uma das línguas usadas na União Europeia.
O princípio do Eur-lex, foi, porém, aproveitado por outros programas. O Contexto Reverso e o Linguee possuem bancos de dados e permitem que, inserindo uma expressão ou pequeno trecho, os programas encontrem a tradução equivalente na língua desejada, já arquivada em algum outro banco de dados, como ocorria com o Eur-lex. Em relação ao Google Tradutor, a limitação é representada pela quantidade de texto que pode ser traduzida em bloco: tanto o Contexto Reverso quanto o Linguee são bastante limitados nesse sentido.
Agora surgiu uma nova ferramenta, o DeepL, criado pelos programadores do Linguee. O programa alia as vantagens do Google e a massa de dados do Linguee. Testei e o resultado foi muito bom: detectei apenas um errinho, a falta de um artigo em um contexto no qual em italiano isso é previsto (traduzi do português para o italiano).

É fantástico. Isso permitirá realizar traduções de uma forma muito mais rápida, com uma qualidade cada vez mais alta. O trabalho do tradutor, nesse sentido, torna-se cada vez mais de administração do fluxo de informação traduzida e de controle de qualidade. Mais do que isso, o trabalho do tradutor torna-se muito mais conceitual. Em vez de correr contra o tempo de digitação - um critério muitas vezes requerido pelas agências de tradução - o tempo pode ser usado na análise da terminologia, no estudo de neologismos, no trabalho em sintaxe, semântica e estilística dos textos.

Quanto ao perigo de perder o emprego, penso que enquanto os autores e escritores forem humanos, os seus tradutores também serão. E serão os responsáveis pelo conteúdo traduzido, função que uma máquina não pode assumir por meio de algoritmos. Por enquanto, talvez o perigo esteja ainda distante. Podemos aproveitar o lado bom a tecnologia, enquanto há tempo.

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