Resolvi entrar na brincadeira e falar algumas verdades sobre a tradução e o trabalho do tradutor.
1. A tradução promove o encontro de culturas, é verdade. Mas deve fazer isso sem achatar as diferenças, caso contrário, perde-se o valor da alteridade.
2. A tradução não deve ser feita palavra por palavra, nem conceito por conceito, mas texto por texto. Ou seja, a tradução ocorre em todos os níveis do texto, da fonética ao léxico, da sintaxe à semântica, até o contexto cultural de fundo.
3. Traduzir é entrar no papel do autor sem esquecer a própria bagagem. É exatamente no reconhecimento da sua bagagem pessoal que o tradutor faz emergir os aspectos relevantes do seu trabalho, como um barqueiro que transporta a língua original para a outra margem do rio. Transporta, mas não se confunde com ela.
4. O tradutor sabe lidar com todas as suas almas, sem se perder e sem fazer confusão. De certa forma, traduzir é deixar-se levar por uma saudável esquizofrenia ou assumir a heteronomia inspirando-se no exemplo de Fernando Pessoa.
5. A tradução é uma arte, mas não é criação pura. O tradutor é gentil em relação à sua matéria de trabalho e ao mesmo tempo uma pessoa extravagantemente moderada.
6. A tradução é uma arte muito antiga, mas no Ocidente é marcada pela tradição bíblica, de modo que cada tradutor percebe uma certa sacralidade diante do texto. O tradutor tem consciência de pertencer à cultura da palavra.
7. Dominar uma língua estrangeira não é o suficiente para fazer uma boa tradução. O tradutor é essencialmente uma pessoa culta e a língua estrangeira a partir da qual traduz é um dos aspectos que evidenciam a sua erudição.
8. Traduzir é uma tarefa complexa, que requer uma formação técnica robusta e conhecimento dos aspectos comunicativos envolvidos na revolução digital em curso.
9. Por todas estas razões, o tradutor ainda é um profissional subvalorizado. No entanto, o profissionalismo dificilmente falta, porque os grandes profissionais sabem que ao traduzir estão deixando vestígios culturais potencialmente infinitos ao longo do tempo.
10. Qualquer pessoa pode se tornar um bom tradutor. Esta é uma meia verdade: mas com o comprometimento e a atitude adequada é possível perseguir o objetivo. Afinal, a perfeição não existe.
1. A tradução promove o encontro de culturas, é verdade. Mas deve fazer isso sem achatar as diferenças, caso contrário, perde-se o valor da alteridade.
2. A tradução não deve ser feita palavra por palavra, nem conceito por conceito, mas texto por texto. Ou seja, a tradução ocorre em todos os níveis do texto, da fonética ao léxico, da sintaxe à semântica, até o contexto cultural de fundo.
3. Traduzir é entrar no papel do autor sem esquecer a própria bagagem. É exatamente no reconhecimento da sua bagagem pessoal que o tradutor faz emergir os aspectos relevantes do seu trabalho, como um barqueiro que transporta a língua original para a outra margem do rio. Transporta, mas não se confunde com ela.
4. O tradutor sabe lidar com todas as suas almas, sem se perder e sem fazer confusão. De certa forma, traduzir é deixar-se levar por uma saudável esquizofrenia ou assumir a heteronomia inspirando-se no exemplo de Fernando Pessoa.
5. A tradução é uma arte, mas não é criação pura. O tradutor é gentil em relação à sua matéria de trabalho e ao mesmo tempo uma pessoa extravagantemente moderada.
6. A tradução é uma arte muito antiga, mas no Ocidente é marcada pela tradição bíblica, de modo que cada tradutor percebe uma certa sacralidade diante do texto. O tradutor tem consciência de pertencer à cultura da palavra.
7. Dominar uma língua estrangeira não é o suficiente para fazer uma boa tradução. O tradutor é essencialmente uma pessoa culta e a língua estrangeira a partir da qual traduz é um dos aspectos que evidenciam a sua erudição.
8. Traduzir é uma tarefa complexa, que requer uma formação técnica robusta e conhecimento dos aspectos comunicativos envolvidos na revolução digital em curso.
9. Por todas estas razões, o tradutor ainda é um profissional subvalorizado. No entanto, o profissionalismo dificilmente falta, porque os grandes profissionais sabem que ao traduzir estão deixando vestígios culturais potencialmente infinitos ao longo do tempo.
10. Qualquer pessoa pode se tornar um bom tradutor. Esta é uma meia verdade: mas com o comprometimento e a atitude adequada é possível perseguir o objetivo. Afinal, a perfeição não existe.
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