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ESCORREGÕES

"A cantora Mara Maravilha foi alvo de críticas nas redes sociais nesta quinta-feira (20). A baiana compartilhou uma foto onde aparece ao lado do apresentador Nelson Rubens e, ao legendar a publicação, ela escorregou no português. "Nelson Rubens...Ele é fofoqueiro...ele só almenta (sic), mas não inventa, kkk", escreveu.
Não demorou muito e Mara passou a ser hostilizada no Instagram. "Putz, em que escola vc estudou hein?", questionou uma. "ALmenta essa inteligência também", alfinetou outra. "Tem que voltar pra escola....vergonha", comentou a terceira internauta." (Correio, 27/02/2015)

"Claudia Raia homenageou, nesta sexta-feira (10), o amigo, Miguel Falabella, pelo seu aniversário. Em legenda de foto fofa, porém, ela cometeu um erro de português e não escapou da patrulha dos seguidores.
— O meu mais amado amigo, irmão, parceiro profissional, hj é seu dia, que São Miguel te cubra de boas energias , saude e dissernimento! Te amo sempre e p sempre. Parabens! (sic).
Os fãs destacaram o erro: 'É discernimento! Com SC'." (R7, 10/10/2014)

"Angélica, 40, passou por uma situação um pouco constrangedora em seu perfil no Instagram, na tarde de terça-feira (16). A apresentadora comemorou os 18 anos de estreia do seu antigo programa infantil, 'Angel Mix', em um post na rede social.
Porém, a loira escorregou no português. Enquanto muitos fãs relembraram da atração da TV Globo, outros preferiram corrigir a mulher de Luciano Huck, 43.
'Parabéns para os meus queridos amigos e fãs que fazem parte de uma etapa muito importante da minha vida. A estreia do ‘Angel Mix’ foi a 18 anos atrás [sic]. A minha estreia na TV Globo! Passou rápido e foi muito bom! Que venham os próximos 18!', escreveu ela na legenda da imagem." (Yahoo!, 17/09/2014)

Pois é, esses não são exemplos de redações do ENEM.
São deslizes de celebridades, mas poderiam ser escorregões de qualquer um de nós, pois ninguém está imune ao erro de digitação, à dúvida em relação à correta ortografia ou aos vícios de linguagem.

Os erros do ENEM deveriam estimular a reflexão linguística e a pesquisa sobre o uso real da língua. Desconfio que a maioria dos erros que horrorizam os professores e divertem o público das redes sociais circulam livremente entre as mais variadas categorias sociais. Isso ocorre porque a língua é um elemento de comunicação, é um elemento compartilhado e adquirido na interação com o outro. Ninguém aprende errado. Simplesmente aprende. E, quando erra, não sabe disso.

Simplesmente aprende: aprende a usar a língua ao comprar o pão, ao pedir desconto, ao ouvir uma declaração de amor, ao receber uma crítica, ao sonhar e reelaborar as informações interceptadas ao longo do dia.

Até na escola as pessoas aprendem. Sim, até na escola. Mas não podemos achar que a escola tem condições de ensinar tudo e que tenha o dever de ensinar tudo. Isso é impossível, porque a escola não é a vida. A vida é que é a grande escola, na qual cada um de nós tem oportunidades cotidianas de aprender sempre e de assumir a tarefa pessoal de se comunicar melhor com os outros.

Nisso tudo, porém, os professores têm um papel: ensinar corretamente durante o tempo que lhes é concedido. A escola não pode dar-se ao laisser-aller e ao laisser-faire: deve haver compromisso, dever haver um objetivo a ser atingido, deve haver profissionalismo sempre. Não podemos aceitar a escola-paliativo, a escola-analgésico, a escola condescendente. Porque a escola não é a vida.

Na vida a gente desliza, mas os professores não podem vacilar. Se os escorregões nos assediam, temos de saber patinar!


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