Quem é que não tem uma gororoba inconfessável da qual não abre mão? Gororoba é uma das melhores coisas da vida, é segredo que só se compartilha com os mais íntimos ou que permanece como uma lembrança boa da infância. Por mais deliciosa que seja, a gente não serve gororoba em dia de festa e evita fazer misturas constrangedoras em situações públicas. Com a língua não é diferente: há certas gororobas linguísticas deliciosas, mas não dá para usar o tempo todo e em qualquer lugar. Não é puxão de orelha nem moralismo, é aviso de amiga. Quando vejo uma gororoba linguística saindo da boca na hora errada, eu sempre penso: mas uma pessoa tão bem apresentada, quem diria... foi abrir a boca para estragar tudo. É chato falar disso, pois gororoba, como disse, é uma gostosura. Na língua, a gororoba pode ser um desabafo, um suspiro, uma gíria, um bocejo, um erro de concordância, um vício de linguagem. No Sul do Brasil, por exemplo, é proibido fazer a concordância entre a segunda pessoa e o verbo...
Amor pela língua portuguesa