Esta semana, duas notícias sem nenhuma ligação entre si chamaram a minha atenção. Uma delas informava que um documentário brasileiro tinha recebido um prêmio internacional: conta a história dos últimos sobreviventes de um povo destinado à extinção. A extinção certa: é um conceito brutal. Mas é com isso que temos de lidar: com um povo que morre e leva consigo a sua cultura e a sua língua. A derrota é coletiva, todos nós perdemos quando um povo desaparece. A humanidade se revela menos humana por permitir que povos sejam dizimados. A outra notícia referia-se a um político italiano, o qual afirmou que a política deve interessar-se pelos vivos, não pelos mortos. Discute-se na Itália a lei do testamento biológico, que prevê a possibilidade de as pessoas poderem exprimir-se sobre o fim da própria vida. A frase causou polêmica, e não apenas pelo conteúdo ético. Trata-se, claramente, de dois problemas diferentes: em um caso, é uma cultura que se perde juntamente com os seus últimos f...
Amor pela língua portuguesa