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Mostrando postagens de julho, 2014

O CERTO E O ERRADO NA ERA DA RELATIVIZAÇÃO

Todo mundo tem uma quimera, eu também tenho a minha: encontrar uma palavra pura, sem dimensão temporal, intercambiável na construção da frase, imune a usos ideológicos. Claro que a língua não pode ter um elemento assim, como acontece com a matemática, porque a língua nunca se submete a composições cristalizáveis. A língua não conhece regras universais e as generalizações feitas a golpe de decreto ou de regra gramatical estão sempre com a guilhotina da evolução pronta para cortar-lhes as cabeças. A consciência de que a língua é uma expressão e uma extensão da experiência humana não deve, porém, levar à ilusão de um comportamento lassista, em que tudo é possível, aceitável e relativo. Na realidade é assim, mas depende: depende de quem fala e do contexto em que fala. Por exemplo, fico muito incomodada com as ridicularizações feitas em relação a pessoas que tiveram pouco ou nenhum acesso à educação formal: aquela coisa de rir do feirante que vende "sebola", da ambulante que ...

LEGO E A ANATOMIA DO TEXTO

Nem só escrevendo, e errando, a gente aprende a escrever. Em uma época de inflação de material escrito à disposição, dissecar textos também é um modo eficaz para entender e aprender como um texto é estruturado. Esses tempos um amigo pediu uma ajuda nesse sentido: tinha um grande número de informações para sintetizar em um texto curto e que conservasse os dados principais, que ele elencou em quatro pontos. Sim, esse é um bom começo: identificar os pontos mais relevantes. Com esses dados em mãos, o meu trabalho foi realmente muito simples de executar. Em primeiro lugar, eliminei as perífrases. Toda dissertação contém perífrases, expressões que especificam ou ampliam uma afirmação que geralmente é apresentada de forma sintética na introdução. Feito isso, passei às frases. Uma frase longa, muitas vezes estruturada por meio de período subo...

A ARTE DE PERGUNTAR

Não acredito! Este é um tema que eu adoro, como é que nunca dediquei um artigo à questão? O assunto é: a arte de fazer perguntas. Eu sempre fui muito tagarela e despachada. E sempre achei que perguntar não ofende. Que quem tem boca vai a Roma... Eu era o público perfeito para qualquer conferencista. Quando caía aquele silêncio mortal na plateia, eu era aquela que fazia uma pergunta para alívio geral dos autores. Mas é claro que fazer pergunta não é encher linguiça. Há dois tipos odiados nas plateias: aquele se levanta para fazer um comentário que se transforma em conferência-bis e aquele que adora polêmica e é chamado carinhosamente de seminarkiller. Uma pergunta bem feita é outra coisa: não só abre a discussão, como evidencia os aspectos mais salientes no discurso do interlocutor. Aprender a fazer perguntas é uma questão de língua e de educação. A questão educativa: A nossa experiência formal com os questionamentos inicia com a escola, não somente nas situações cotidianas...