Antonio Candido que me perdoe, mas malandragem não é fundamental. Admiro o grande mestre, que soube descrever a malandragem como um dos traços distintivos da cultura brasileira, mas, sabe como é, em país de malandro, toma-se por receita o que é diagnóstico! Na realidade, Candido nunca fez apologia da malandragem: apenas reconheceu e explicou a peculiaridade da literatura de Manuel Antônio de Almeida e de Mário de Andrade. São os maus leitores que acharam que a malandragem é uma gracinha e um direito universal dentro da nação brasileira. Estou disposta a pagar novamente o ônus de ser considerada moralista, o que posso fazer? Chego à conclusão de que sou mesmo assim. Mas não demonizo nada e ninguém: sei apreciar e rir das peripécias do Sargento de Milícias, sei ver a alegoria de um Macunaíma, mas isso não significa que anulei o meu discernimento. Macunaíma, é sempre bom lembrar, é o herói sem nenhum caráter: se a literatura tem uma função social, Mário de Andrade deixou ao le...
Amor pela língua portuguesa