Digo com certa vaidade: leio dicionário todo santo dia. Mas haverá quem leia isso sem surpresa: tinha um colega de universidade que fazia o mesmo, no intervalo das aulas. Uma das últimas consultas refere-se à palavra “força”: três colunas do Aurelião para esta simples palavrinha. O hábito ensinou-me a não me surpreender com tais resultados, pois são justamente os vocábulos sedimentados na história da língua a oferecer mais possibilidades de significados, que se agregam e se estratificam ao longo dos séculos. Palavras novas em geral ocupam poucas linhas, somente as necessárias para explicar a sua estreia na língua e o uso específico, quando é preciso acolher um vocábulo para dar conta de novos fenômenos da realidade. Mania estranha essa de ler dicionário. Nos meus tempos de estudante, a professora (a professora!) chamava o dicionário de “pai dos burros”. Uma pedra no caminho de retinas que nem tiveram tempo de ficar cansadas e já estão impedidas de saciar com gosto a curiosidade ...
Amor pela língua portuguesa