A falta de responsabilidade jornalística e, digamos, também as piores intenções pseudojornalísticas são fatores determinantes para a disseminação de notícias falsas. Essa péssima prática usa um dos mais caros instrumentos da criação literária: a verossimilhança. Não pode haver falsa notícia se ela não tiver aparência de notícia confiável. Nem digo verdadeira, porque este seria outro campo espinhoso, mas pelo menos digna de credibilidade. Uma notícia confiável, por exemplo, pode ser sectária, apresentar um ponto de vista claro; não por isso será, necessariamente, falsa. O mais correto seria falar de informação parcial. A notícia falsa é produzida como a falsificação de um quadro ou, melhor seria a comparação, a publicação de um falso manuscrito literário. Jorge Luis Borges já tinha previsto tudo naquele conto genial que é Pierre Menard, autor do Quixote. A literatura pós-moderna também brincou bastante com isso. Lembro, por exemplo, do romance Em Liberdade, de Silviano San...
Amor pela língua portuguesa