Há elementos da gramática que parecem destinados ao papel da vilão. A sílaba é um deles: não há concurso que se preze que não coloque uma questãozinha sobre uma exceção na divisão silábica. Ah, porque para um belestrista, para os pedantes de plantão, a regra geral da divisão silábica não importa, o que vale é a humilhação de desmascarar os candidatos e fazê-los morrer na praia por causa das exceções. Não bastasse isso, a tecnologia absorveu completamente a necessidade do revisor na diagramação do texto. A silabação é automática e as "viúvas" (as linhas quebradas isoladas no início de uma página) podem ser eliminadas com um ou dois truques de qualquer editor de texto. A sílaba vive dias difíceis, de indiferença e de ódio. Estudar para quê? Como para quê? Para elevar o espírito, ora bolas! Para apropriar-se das palavras e do vocabulário da língua saboreando cada pedacinho, como se fosse um tablete de chocolate finíssimo. A sílaba faz música na poesia, impõe o ritmo. Os po...
Amor pela língua portuguesa