A neuropsiquiatria infantil descobriu que pode criar fábulas sob medida para enfrentar o medo das crianças. Fantástico! Acho que Aristóteles tinha explicado algo a esse respeito quando descreveu o fenômeno da catarse. Mas hoje precisamos da psiquiatria infantil para dar prova científica do que já sabíamos filosofica, literaria e culturalmente há milênios. Nada contra a ciência, claro. O problema está em quem reconhece somente o critério científico como o único aceitável para explicar a experiência humana. Sinto fome de um discurso vigoroso nas ciências humanas, um discurso capaz de explicar com ferramentas próprias da subjetividade a experiência subjetiva da contemporaneidade. Estamos penhorando a subjetividade pela ilusória certeza de cientificidade. E corremos o risco de criar uma ciência instrumental, que explica o inexplicável e justifica o injustificável; uma ciência descritiva, "imparcial" - se é imparcialidade não assumir uma posição no mundo -, e por fim indifer...
Amor pela língua portuguesa