Já não se encontram pessoas que usem o pretérito mais-que-perfeito. Que usem simplesmente, como eu gostaria que usassem: claro, perdemos o verbo, mas não o vício de ter caprichos. Não digo que não haja pedantes que utilizem o pretérito mais-que-perfeito simples, mas estes hoje foram suplantados pelos que se orgulham do baixo calão, da vulgaridade e da ignorância. Venceu a maioria. Aos pedantes hoje é reservado o silêncio de cristal e a indiferença de cristaleira, como o brilho de um tempo que amarelou. Na realidade, não é pela falta que me fazem os pedantes que lamento a ausência do nosso pretérito mais-que-perfeito. É que o desejo, a expectativa, a esperança eram mais que perfeitos, além de serem necessários. Pudera eu acabar com essa tristeza. Quem me dera espalhar sorrisos. Prouvera Deus! A gente pode até viver sem o pretérito mais-que-perfeito com esse uso particular: os italianos, que desconhecem essa opção sentimental, mais do que gramatical, sobrevivem trocando essa linda forma...
Amor pela língua portuguesa