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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

O DIA DA LÍNGUA MATERNA

Como falar de língua materna em um país multicultural? Claro, a minha língua materna é o português. Mas a minha língua materna tem um colorido exótico, aquela brancura tão estranha nos trópicos. A minha língua materna tem o sabor daquelas tradições que já perderam a sintaxe e espalharam pelo idioma palavras soltas, como um colar de miçangas que arrebenta e esparrama as contas na areia: chimia, chucrute, quechimia, compota, cuca, clês... A minha língua materna é bronzeada, é um léxico contagiado pelo sol, adaptado às nossas latitudes. É um aportuguesamento, que denota a sua novidade; é a morte do velho, o desconhecido no seu lugar de origem. É ganho e é perda. O que mais impressiona na minha língua materna, porém, é a presença de um silêncio enorme, que diz muito sobre o que não gostamos de comentar. Uma das minhas bisavós morreu aos 101 anos. Cheguei a conhecê-la, tinha dez anos quando ela faleceu. Mas nunca a vi falar. Nunca. Quando íamos visitá-la, na casa de uma tia-avó, ela geralm...

TENTE ENTENDER: DESAFIAR A LÍNGUA FAZ PARTE DO PROCESSO

Tudo começou quando resolvi tomar uma coca-cola e me deparei com este copo aqui: Sério: por que um produtor resolve "desmontar" o próprio nome, ferindo todas as regras de divisão silábica? Ah, os publicitários e os gráficos disso entendem melhor que os professores, geralmente. Eles acertaram pelo menos um alvo: chamaram a minha atenção, salta aos olhos que algo parece estar errado e quando a gente procura um erro presta mais atenção, quer dizer, ficamos mais tempo fixando na memória o nome da marca. Além disso, tem uma brincadeira lexical, que não passa em branco, com a palavra "on". Realmente, a gente não tem como não ficar ligado no esquema gráfico criado. Como se diz, é uma sacada. Quando a gente vê essas coisas circulando, autorizadas por empresas, criadas por publicitários bem formados e bem pagos, dá até uma certa desmoralização. Como vou explicar para o meu aluno a importância da divisão silábica? Ah, uma explicação tem sempre! É preciso lembrar que ...