Quando a minha mãe queria que as pessoas se assombrassem com um fato, ela nunca deixava de acrescentar no fim da história a expressão: "Acredite, quem quiser". Na verdade, ela não dizia assim. Ela dizia: "acredite-quem-quiser". Quer dizer, a frase era uma única e compacta massa de sentido. Era, como tantas outras do nosso repertório popular, uma expressão linguisticamente sofisticada, construída na ordem inversa, com o uso do futuro do subjuntivo e do imperativo. Uma frase que a gente cansa de encontrar na boca do povo (que não conhece a riqueza do seu linguajar e acredita ser ignorante). Sei que tenho sido insistente ultimamente, mas acredito (e acreditar é muito importante para ensinar) que as pessoas precisam reconhecer o que usam, devem valorizar o que já sabem e, a partir disso, aprimorar o conhecimento. Essa coisa de dar exemplos de como as pessoas são burras, de mostrar que a ignorância campeia solta pelas ruas, pode até ter uma dimensão estatística verifi...
Amor pela língua portuguesa