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Mostrando postagens de março, 2016

NÃO HÁ VIDA FORA DA CALIGRAFIA

A frase do título encerra um conto magistral de Moacyr Scliar, O Sindicato dos Calígrafos, escrito em 1978. Era a época de ouro da datilografia, e ninguém sonhava que o visor tátil iria aposentar até os teclados que substituíram com prepotência a máquina de escrever. Todo o conto é um hino à melancolia que não desiste de ter esperança, porque não tem nenhuma esperança, porque não tem outra solução. Um dos personagens, o Epaminondas, faz uma reflexão sobre a sua vida e considera que teria sido oportuno ter tido o nome Luís - com "l" minúsculo, numa ascendente que atinge o ponto culminante para descer em um vertiginoso crepúsculo. É uma das imagens mais amargas do texto, na qual o sujeito se defronta com uma realidade inexorável: a da sua vida perfeitamente espelhada na sua atividade profissional. Uma vida que perde o sentido à medida que a profissão perde utilidade. É nesse contexto que se sobressai a frase: "A permanência da arte caligráfica, diz Alcebíades, um dos fund