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Mostrando postagens de julho, 2015

IR: MODOS DE USAR

Fazia tempo que eu não falava dos verbos. É que eles são tão arraigados ao uso que fazemos da língua, que explicitar é quase uma violação da intimidade que temos com as palavras, com o nosso modo de conviver com o idioma. Obviamente, não pretendo com isso dar a entender que não é preciso estudar os verbos. É preciso estudá-los e é um direito tomar posse deles, torná-los nossos, usá-los com toda a propriedade de que dispõem. Usar bem os verbos é como apropriar-se plenamente de uma herança. Não falo tanto dos verbos porque a escola faz isso todos os dias, como um jardineiro paciente, como um precetor cuidadoso. Eu falo dos verbos como um pintor de aquerela sentado na praça: com paixão pelo tempo que corre, pela água que escorre, pelas cores que desbotam indiferentes à beleza do absoluto. Eu falo dos verbos que fazem caretas para os falantes, reinventam-se, vivem porque renascem todos os dias nas nossas línguas. O verbo IR, por exemplo, hoje bateu à porta da minha memória sem ser cha

SABORES DO ORIENTE

De onde vêm as frutas que comemos? Muitas vezes vêm de longe, e nem sempre pensamos nisso: na distância, no tempo, no que significam (quando é possível descobrir). Pêssego - vem do latim persicu(m) (malum), ou seja, maçã da Pérsia. Na realidade, o pêssego vem da China, mas desde a Antiguidade era conhecida na área mediterrânea, onde era associada ao cultivo na Pérsia. Ameixa - vem do latim (pruna) (d)amascea, ou seja (pruna) damascena, de Damasco. De "amascea" [amaxea > ameixa], evoluiu alterando a posição do ditongo. Interessante, não? Em italiano, só por curiosidade, prevaleceu o termo "pruna", que na língua de Dante escreve-se "prugna". Bergamota - vem da expressão turca "beg armudi", ou seja, "pera do príncipe". Laranja - origina-se do termo persa "narang", provável derivação do sânscrito "nagaranja", que significa "gosto dos elefantes". Curiosamente, em italiano, uma das formas de nomear uma