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Mostrando postagens de abril, 2015

CINCO MANEIRAS GARANTIDAS DE ARRUINAR UM TEXTO LITERÁRIO

Recentemente falei das utilidades da literatura. Hoje gostaria de compartilhar com os leitores cinco modos eficazes para destruir um texto literário (embora seja um fato geralmente indesejado, especialmente se o agente da destruição for um professor). LEIA O TEXTO EM VOZ ALTA A poesia tem uma regra: ela precisa ser recitada. Não é possível fruir plenamente a sua poeticidade sem a dimensão material gerada pela vibração das ondas sonoras no espaço. Eu gosto de chamar a atenção para isso, porque a literatura, quando recitada, interage com materiais plásticos (ou seja, deformáveis), especialmente o ar, mas não só. Interage com os tímpanos. Assim como a pintura modifica-se de acordo com a frequência de luz que incide sobre o quadro e com a nossa capacidade de visão. Dá para perceber que ler mal um texto é um crime! Em vez de harmonias, a leitura em voz alta pode gerar dissonâncias e criar um efeito indesejado. Portanto, todo cuidado é pouco, pois os nossos sentidos estão ligados às emoç

ADEREÇOS, BIBELÔS E BADULAQUES

Frase feita: "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". Coisa boba, não é? Mas a frase é eficaz, porque a repetição da palavra "coisa" inevitavelmente "fere os ouvidos", e ferindo chama a atenção, e chamando a atenção favorece a memorização. Agora imagine que a pessoa não esteja usando uma sentença com esse tipo de estrutura para criar uma tirada ou fazer uma ironia. Digamos que ela queira chamar a sua atenção: "não confunda alhos com bugalhos!" Aqui também é a fonética a fazer o papel de elemento catalizador da atenção, criando assonância. Efeito garantido. Vejamos outros exemplos: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido". Usa a repetição e a assonância para reforçar o conceito que as palavras exprimem. Ou ainda: "Quem pode, pode; quem não pode se sacode". Aqui temos novamente a repetição e a assonância. Mas convenhamos: a mensagem é péssima, embora seja tão hipnótica, que acabamos fixando na memória, m