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Mostrando postagens de dezembro, 2014

CENTÃO

Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Não quero mudar você Nem mostrar novos caminhos. Quando criança Me assoprou no ouvido um motorista Que os bons não se curvam Desconhecem as variantes E o estilo numeroso Dos pássaros que sabemos, Estejam presos ou soltos; Têm ritmo - para que possas profundamente respirar. Não aprofundes o teu tédio, Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios. Sentas-te à beira da noite Para fazer este poema, Este poema não é teu, É da tinta e do papel. Deixa-me apreciar minha loucura, Importuna Razão, não me persigas. Um mundo novo espera só um aceno... À borda dos abismos silenciosos... Crê no bem, ama a vida, sonha e espera. Centão é uma composição feita com trechos de obras de outros autores. Os créditos do centão acima são de Antero de Quental, Antonio Cicero, Bocage, Fern

OS CÔMICOS E OS AVOADOS

"É também essa diferença o que distingue a tragédia da comédia: uma se propõe imitar os homens, representando-os piores; a outra os torna melhores do que são na realidade". Aristóteles, Arte Poética, cap. II, par. 7. Eu queria falar da comédia, mas não posso. Não tenho cacife. Comédia é coisa séria. Quando eu for grande, dissertarei sobre ela. Contudo, posso afirmar que a maioria das comédias que vejo são banais, nem mereceriam ser consideradas tais. Pior, são uma ofensa às categorias retratadas - e digo isso sem nenhum preconceito politicamente correto. Aliás, o que não falta é humorista acusando a crítica de moralismo para justificar piada de mau gosto e agressividade gratuita fora de hora. Nisso, as redes sociais estão dando um banho e colaborando para o rebaixamento geral da massa. Vem um, faz uma gracinha inapropriada, recebe um monte de curtidas e mais cresce a popularidade da cretinice, mais se espantam se vem alguém depois cobrar as consequências. Tipo assim: piad

CELEBRAÇÃO E GLÓRIA

As palavras "celebração" e "glória" são parentes longínquas: os seus ancestrais encontram-se no indoeuropeu, passando pelo grego e pelo latim. Para "celebração" encontramos o radical grego "kele-", que tem a ver com ocorrência, frequência, daí aparecer em palavras como "acelerar" ou "célere".  Já "glória" afunda suas raízes até o radical indoeuropeu "klu-", ligado ao sentido de ouvir, ser ouvido e chegando ao sentido figurado de "ser famoso", assimilado a "ser ouvido". Aquilo que ocorre, que aparece com frequência, que se ouve, que se torna famoso: celebração e glória. Chega o final do ano e fazemos balanços, repassamos os momentos mais importantes, celebramos. Damos peso àquilo que já acontecia. É com esse espírito que compartilho com vocês um texto de minha autoria, que não por acaso intitulei "Todos os dias". Boas festas a todos e até o próximo artigo. Todos os dias

LÁ VAI BARÃO!

Quem tem uma certa idade lembra da expressão usada nos anos Oitenta para referir-se ao dinheiro no Brasil. Era época de inflação altíssima, ou hiperinflação, e as notas de mil cruzados, com a imagem do Barão de Rio Branco escorriam dos bolsos como areia entre os dedos. O "barão", gramaticalmente falando, é uma metonímia. O Barão, sendo também nome de pessoa, é mais um dos tantos epônimos que usamos no cotidiano em português, quer dizer, uma palavra originária de um nome próprio que se presta para nomear outra coisa. No Brasil usamos muitos epônimos, e não apenas na área científica, na qual uma norma internacional recomenda a sua abolição, mas persistem. Na medicina, por exemplo, há inúmeras doenças cujos nomes são associados a nomes de pessoas - geralmente pacientes ou médicos envolvidos com o diagnóstico. É o caso do mal de Parkinson, do mal de Chagas, da síndrome de Asperger, mas também outros nomes próprios podem estar na base de um epônimo, como a síndrome de Estocolm